Por Daniela Meller
“Escrever foi minha terapia, minha forma de devolver à sociedade o que aprendi nesses anos todos na investigação criminal.”
Essa é a motivação de Tatyana Pricila Bortolaz, 46 anos, agente da Polícia Civil de Barra Velha (SC), que lançou sua primeira obra literária baseada em crimes reais que acompanhou de perto ao longo de mais de duas décadas de carreira. O livro “Baseado em Casos Reais- Crimes Virtuais” já está disponível nas plataforma Uiclap.
Em entrevista à reportagem, Tatyana ou Tati da Civil, como é mais conhecida, compartilhou o que a levou a escrever, os bastidores da criação do livro e os alertas que deseja propagar com a publicação.
Do cartório ao papel: o estelionato como ponto de partida
Especializada em investigações de estelionato e crimes contra a administração pública, Tatyana atua há anos como agente de polícia e também assumiu funções cartorárias como escrivã. Ela conta que sempre teve afinidade com esse tipo de crime, apesar da complexidade e da burocracia que costumam afastar outros investigadores.
“O pessoal, a maioria, não gosta porque é um crime muito burocrático. Mas é uma investigação que eu gosto, é estratégica”, diz a autora.
Foi justamente durante o afastamento do trabalho por questões de saúde mental — ela foi diagnosticada com transtorno de ansiedade — que encontrou espaço para concluir a obra. “A escrita se tornou uma forma de terapia”, explica.
Casos reais que marcaram vidas
O livro reúne histórias verídicas de vítimas de crimes cibernéticos, muitos dos quais ela mesma investigou ou acompanhou. São relatos de golpes que levaram a prejuízos emocionais e financeiros devastadores — em alguns casos, irreversíveis.
Entre os episódios narrados, destaca-se o golpe do amor, em que vítimas são chantageadas por golpistas após envolvimento virtual. Um dos casos descritos terminou em suicídio.
“A pessoa foi induzida ao erro. A maioria das vítimas não é gananciosa, como muita gente pensa. Elas simplesmente acreditam que jamais cairiam, que sabem o suficiente sobre o mundo digital — o que nem sempre é verdade.”
Outros capítulos abordam fraudes envolvendo boletos falsos, clonagem de perfis, pedofilia virtual e sites fraudulentos imitando o GOV.BR. Todos os exemplos são de ocorrências reais registradas em Barra Velha e região, intensificadas principalmente após a pandemia, segundo ela.
Livro para prevenir, não apenas denunciar
A autora deixa claro que sua obra não é um tratado jurídico, mas sim um manual prático para despertar consciência. Ao final de cada capítulo, Tatyana apresenta a tipificação do crime, mas o foco é mostrar como os golpes acontecem e ajudar o leitor a identificá-los.
“Meu objetivo é alertar as pessoas, mostrar o modus operandi dos criminosos e dar voz à dor das vítimas.”
A estrutura do livro foi toda realizada por ela mesma — texto, diagramação, capa —, em um processo totalmente independente, sem o apoio de grandes editoras.
Novo projeto a caminho
Animada com a repercussão da estreia — a obra já vendeu os primeiros exemplares mesmo com divulgação limitada —, Tatyana pretende continuar escrevendo. O próximo livro poderá seguir a linha romance policial, inspirado em sua experiência real, mas com liberdade ficcional.
“Escrever é como um vício. É uma forma de colocar para fora tudo o que absorvemos nesses anos todos vendo tanta tragédia, tanta coisa errada.”
Como adquirir o livro?
O livro “Baseado em Casos Reais – Crimes Virtuais ” está disponível para compra no formato impresso, sob demanda, através dos links abaixo:
Uiclap – Comprar o livro
Amazon (em breve)
Sobre a autora
Tatyana Pricila Bortolaz, atua na Polícia Civil desde 2005. Formada pela Academia de Polícia desde 2002, soma mais de 20 anos de experiência na área da segurança pública. Ativa em projetos comunitários, lives e ações educativas, tem como missão pessoal compartilhar conhecimento e prevenir o sofrimento de outras pessoas por meio da informação.