O que deveria ter sido um passeio escolar divertido para guardar boas lembranças de despedida para os alunos do 9º Ano da Escola Municipal Professora Maria Tusnelda Bernstorff, da cidade de Barra Velha, terminou em um pesadelo para os estudantes e pais.

Na tarde do dia 4 de dezembro de 2024, uma quarta-feira, o motorista do ônibus escolar, que levou o grupo de estudantes para um Parque Aquático em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, foi flagrado supostamente embriagado e teve de ser substituído, causando grande transtorno e, principalmente, medo para os jovens e suas famílias.
O transporte até o Parque Aquático, até então informado e confirmado via grupo de WhatsApp da escola aos pais, teria sido acordado com uma empresa de fretamento de transporte de turismo, a qual já teria recebido R$ 450,00, segundo recibo encaminhado à reportagem do Portal danimeller.com, em nome do professor Alexandre Manoel Amado.

O mesmo professor, inclusive, via mensagem encaminhada ao grupo escolar no dia 29 de novembro, teria confirmado a ida para às 7h30, com saída da sede da escola e o retorno previsto para o mesmo dia, até às 19h, o que não ocorreu devido à ‘suposta embriaguez do motorista’.

Segundo relato de uma mãe que preferiu não se identificar por medo de represálias, os pais só foram informados pelos filhos, via mensagem, de que o motorista havia ingerido bebida alcoólica e estava inapto para conduzir o ônibus de volta.
“A minha filha me mandou mensagem dizendo que o motorista estava bêbado, e outro aluno também me avisou. Fiquei desesperada e preocupada com a situação”, contou a mãe em entrevista.
O fato teria sido confirmado aos pais que aguardavam em Barra Velha, distante 67 quilômetros do Parque, por volta das 18h, horário em que começaram a questionar o paradeiro dos filhos, que ainda não haviam avisado que estariam retornando para casa.
A situação se agravou quando as crianças, que haviam saído de Barra Velha de manhã, ficaram à espera do transporte substituto. Devido ao atraso, os alunos só chegaram ao colégio às 20h40, depois de uma espera angustiante.
“Foi desesperador. Algumas mães chegaram a cogitar em pegar o carro para buscar os filhos”, relatou outra mãe que preferiu não se identificar.
De acordo com a mesma mãe, as crianças estavam com frio e sentindo-se inseguras enquanto aguardavam, pois o motorista do ônibus, ao ser confrontado, inicialmente tentou impedir que elas saíssem do veículo.
“Uma professora teria percebido a fala desconexa do motorista e o questionado. Ele teria confirmado que havia ingerido apenas um drink. Então a professora teria dito que, para quem gosta de beber, existem opções sem álcool. Os alunos também afirmaram que, durante o passeio, o motorista teria ficado por horas deitado à beira da piscina. Isso é inadmissível. Ele trabalha com vidas. Eram quase 20 pessoas, a maioria jovens de 15 e 16 anos”, desabafou outra mãe.
Felizmente, a intervenção dos professores garantiu que as crianças ficassem em segurança enquanto aguardavam a chegada do novo motorista.
A mãe também mencionou que, ao questionar a escola sobre o ocorrido, não obteve respostas satisfatórias. “Pedi o nome do motorista e informações sobre o que realmente aconteceu, mas ninguém da escola nos informou nada. Fui buscar minha filha e vi um ônibus branco, com a inscrição ‘escolar’, e não o ônibus fretado como nos disseram”, desabafou.

A situação foi ainda mais grave pelo fato de que a própria mãe recebeu informações conflitantes. O ônibus utilizado não era o fretado, como informado inicialmente pela escola, mas sim um veículo da frota escolar da prefeitura de Barra Velha.
Ela também questionou a falta de um teste de bafômetro no motorista, que estava com o uniforme da prefeitura, mas sem qualquer procedimento para garantir a segurança dos alunos.
Após a denúncia, a Prefeitura Municipal de Barra Velha emitiu uma nota oficial informando que, assim que tomou conhecimento do ocorrido, a direção da escola substituiu o motorista imediatamente, priorizando a segurança dos alunos. A Prefeitura também afirmou que um processo administrativo seria instaurado para apurar os fatos e aplicar as devidas sanções, caso as irregularidades sejam confirmadas.
Segue nota na íntegra:
“A Prefeitura Municipal de Barra Velha vem, por meio desta, comunicar que eventual infração funcional praticada por servidor público será devidamente verificada mediante instauração de sindicância administrativa e processo disciplinar para apurar a veracidade ou não do ocorrido e aplicar, se for o caso, as penalidades cabíveis.
A Secretaria Municipal de Educação, ao receber a denúncia na tarde do dia 04/12/24, de imediato, por segurança, substituiu o motorista do ônibus e os alunos seguiram viagem até a escola.
Lamentamos os transtornos e reafirmamos nosso compromisso com a verdade e a transparência em todas as nossas ações.
Barra Velha, 06 de dezembro de 2024.”
Medo e indignação dos pais
O clima entre os pais de alunos é de revolta e medo. Muitos temem represálias da escola e das autoridades locais por denunciarem a situação.
Uma das mães relatou que, desde o ocorrido, as configurações do grupo de WhatsApp da escola foram alteradas para mensagens temporárias, e algumas mensagens foram apagadas, o que aumentou a desconfiança sobre a transparência da escola no tratamento do caso.
Enquanto a investigação segue, os pais exigem respostas claras e medidas que garantam a segurança de seus filhos em futuras atividades escolares.
A situação gerou um grande desconforto, e muitos pais estão pressionando a Secretaria de Educação para que providências sejam tomadas e que o caso não caia no esquecimento. O incidente trouxe à tona a preocupação com a fiscalização e o controle dos serviços prestados pelo transporte escolar, um tema que segue sendo debatido entre os moradores de Barra Velha.
Empresa de fretamento confirma desistência do professor
Por mensagem, após ser procurada pela reportagem do Portal danimeller.com, a empresa confirmou que, no dia 25 de novembro, quatro dias antes do professor Alexandre confirmar o passeio, o mesmo teria cancelado o serviço.
A empresa, conforme print abaixo, não esclareceu se o valor foi devolvido e se os R$ 450 pagos eram somente os 30% referentes ao fretamento ou se o valor total.

A reportagem também tentou contato com o professor via WhatsApp, mas ele igualmente não respondeu aos questionamentos.

Diretora se cala após contato da reportagem
A gestora da escola, Claunice Tekos Arbigaus, foi procurada pela reportagem e chegou a responder, porém, ao saber que era da imprensa, não mandou mais respostas quanto aos questionamentos.
O espaço continua à disposição para futuros esclarecimentos da gestão e do professor e inclusive da empresa inicialmente contratada.

Colaborou: Portal OiSC