Apesar de não existirem pesquisas e números que quantifiquem o aprisionamento de pássaros em gaiolas, culturalmente falando, as regiões Sul e Nordeste do país são as que mais aprisionam pássaros para simples deleite de seus tutores ou na pior das hipóteses, para comercialização ilegal mundo afora.
“É uma tradição que vem de berço, passou dos avós para os filhos e netos. Não podemos culpá-los, mas podemos mudar essa tradição. Naquela época era natural, mas não pode ser normal e eu decidi não aceitar”, esse é o relato de Lenilson Luiz da Silva, nascido e criado em Barra Velha, litoral norte catarinense.
Descendente de índios e quilombolas, filho do saudoso pescador Arnoldo Luiz da Silva e da dona Dilza Gonçalves da Silva, Lenilson é graduado na área de educação.
Em fevereiro do ano passado após a morte do pai, de filho de ‘criador de passarinhos em gaiolas’, ele decidiu ser um disseminador da ideia “Liberdade na Gaiola’, época em que virou prática.
Lenilson criou o projeto e fez da gaiola não uma prisão e sim um ‘comedouro nas alturas’ para pássaros de todas as espécies. Ele literalmente arrancou fora as portas e alguns varões e deu asas, não a imaginação, e sim à liberdade daqueles que antes conseguiam ver e sentir o mundo apenas de trás das grades. “Os passarinhos agora vêm, comem e simplesmente vão embora, livres”,
E é claro que uma ideia dessas também não poderia ficar apenas entre quatro paredes, precisava voar e levar a consciência mais longe. E por que não começar pelo principal? As crianças que ainda estão com o caráter em formação, que ainda estão aprendendo?
E foi assim, a primeira gaiola já transformada, foi apresentada aos gestores da escola Municipal Reunida Maria Tusnelda Berdnstorff, no bairro Vila Nova em Barra Velha, e ganhou corpo. Hoje, mais de 30 unidades entre escolas municipais, Centros de Educação Infantis (CEIs), escolas particulares e instituições ligadas ao Meio Ambiente, não só acolheram o projeto como são grandes incentivadores da ideia de um homem simples, com um coração gigante e que pensa lá longe, no futuro da natureza.
“Nunca visei lucro, mas sim em transformar a forma de pensar do outro. Mudar daqui para frente, pois lá atrás o estrago já foi feito. Precisamos dessa mudança. O meio ambiente precisa. Já pensou que aprisionando, lá no futuro nossas gerações não terão o que apreciar?”, questiona Lenilson.
E o projeto do Lenilson agora está por toda parte, as gaiolas abertas estão em escolas, prédios públicos e até em outras cidades. A Polícia Ambiental também é um parceiro dos grandes. Gaiolas apreendidas em ocorrências são entregues ao Lenilson e transformadas pelas mãos de quem luta por uma natureza segura. “E o dia Mundial do Meio ambiente vem só para fortalecer ainda mais a minha vontade de lutar pelo que nos mantém vivos”.
O projeto também tem a aprovação do Fundo da Criança e do Adolescente e atende crianças do bairro Quinta dos Açorianos e o apoio da Polícia Ambiental de Joinville.
DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE – O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado hoje em todo o mundo, foi estabelecido na conhecida Conferência de Estocolmo e foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Tem como objetivo principal chamar a atenção de todas as esferas da população para os problemas ambientais e para a importância da preservação dos recursos naturais, que até então eram considerados, por muitos, inesgotáveis.
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