São João do Itaperiú (SC) – A última sexta-feira (11) foi marcada por sol, famílias reunidas e muita integração comunitária durante a Feira de Mudas Frutíferas e Ornamentais realizada no Centro de Integração Turística “Euclides Raul Monteiro”. Promovido pela Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, com apoio da Epagri, o evento não apenas incentivou o cultivo de plantas e flores, como também abriu espaço para uma causa cada vez mais urgente: a proteção e o bem-estar animal.
A Associação Voluntária Pegadas do Bem participou da feira com uma barraca de adoção de filhotes. E o resultado foi motivo de celebração: dos 15 filhotes levados para o evento, 10 encontraram um novo lar. “Foi um sucesso”, comemora Sandra Hess, presidente da associação, que completou um ano e três meses de atuação em São João do Itaperiú.

“Quando conseguimos uma adoção responsável, a gente sabe que está transformando duas vidas: a do animal e a da família que o acolhe”, afirma Sandra. Ela aproveitou a ocasião para ressaltar a importância da responsabilidade dos tutores, alertando que o abandono e a superpopulação de cães e gatos não são causados apenas pelos animais de rua, mas, muitas vezes, têm origem dentro dos próprios lares.
“Muitos dos filhotes que encontramos foram abandonados em caixas, sem a mãe por perto. Isso mostra que eles nasceram em alguma casa, e depois foram descartados. Precisamos falar sobre castração, sobre portões abertos, sobre o cuidado com os animais que já temos”, pontua a presidente.
Conscientização: a base do trabalho
Criada por um grupo de cidadãos engajados, a Pegadas do Bem nasceu oficialmente em março de 2024 e atua de forma totalmente voluntária. São seis membros na diretoria e cerca de dez pessoas que se revezam nas ações. A associação não possui sede física nem abrigo, o que, segundo Sandra, é uma escolha consciente:
“Abrigos se tornam depósitos. A nossa proposta é dar qualidade de vida aos animais, e isso começa com lar temporário, assistência veterinária, castração e adoção responsável”, explica.
Os recursos para manter as atividades vêm, majoritariamente, de eventos comunitários, bazares e doações. Só em 2025, a despesa média mensal chegou a R$ 12 mil, ou seja, pelo menos R$ 60 mil de janeiro até final de junho, cobrindo custos com veterinário, medicamentos e alimentação. Parte da verba vem de feiras como a da última sexta, onde a associação também comercializou cachorro-quente e quentão.

Parcerias e políticas públicas
A boa notícia é que o trabalho da associação começa a ganhar respaldo institucional. Um decreto recente do município criou um conselho com representantes da Pegadas do Bem, secretarias municipais e demais setores, que irá se reunir bimestralmente para discutir políticas públicas voltadas à causa animal. Além disso, o programa estadual “PET Levada a Sério” deve destinar cerca de R$ 20 mil ao município para fortalecer ações de castração.
Outra frente de atuação importante é a educação. “A gente precisa trabalhar nas escolas, porque as crianças levam essa nova visão para dentro de casa. Às vezes, a pessoa não maltrata porque é ruim, mas porque não sabe que aquilo é crueldade. Nosso trabalho é de orientação, não de julgamento”, diz Sandra.
Um trabalho essencial, que precisa do apoio de todos
A Pegadas do Bem oferece suporte a quem encontra animais feridos ou abandonados: castração, vacinação, ração, casinhas e, principalmente, encaminhamento para adoção. Tudo isso só é possível com o engajamento da comunidade.
“Sozinhos não conseguimos mudar a realidade. A responsabilidade é de cada um. Não adianta reclamar dos animais na rua se o seu portão fica aberto ou se sua cadela não é castrada. A transformação começa em casa”, conclui a presidente.
