Porto Alegre (RS), 16 de outubro de 2025 – A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, por meio da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro (DRLD), ligada ao Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (DENARC), deflagrou na manhã desta quinta-feira a segunda fase da Operação Turrim Lavare, que mira uma poderosa organização criminosa especializada em lavagem de capitais oriundos do tráfico de drogas. A ação ocorre de forma integrada com a Polícia Civil de Santa Catarina e com o apoio do Ministério da Justiça, por meio da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (DIOPI).
A ofensiva mobilizou mais de 200 medidas cautelares em dois estados e 19 municípios, resultando, até o momento, em 49 prisões. A operação visa desarticular o núcleo financeiro da quadrilha, considerada uma das mais estruturadas do sul do país.
Balanço da operação
Foram autorizadas judicialmente 209 medidas cautelares, incluindo:
- 68 prisões preventivas (sendo 2 em Santa Catarina);
- 74 bloqueios de contas bancárias;
- 6 sequestros de imóveis (dois deles em SC);
- 20 ordens de indisponibilidade de veículos via RENAJUD;
- 4 mandados de sequestro veicular;
- 37 mandados de busca e apreensão em residências;
- Bloqueio de até R$ 120,3 milhões em ativos financeiros;
- Indisponibilidade de bens estimada em R$ 2 milhões.
As ordens judiciais foram expedidas pela Vara Estadual de Organizações Criminosas e Lavagem de Dinheiro do Rio Grande do Sul, após um ano de investigação.
Cidades-alvo
No Rio Grande do Sul, as ações se concentraram nas cidades de: Novo Hamburgo, Campo Bom, Três Coroas, Lajeado, Gravataí, Alvorada, Capão Novo, Tramandaí, Novos Cabrais, Porto Alegre (Lomba do Pinheiro), Torres, Esteio, Canoas, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Portão e Montenegro.
Em Santa Catarina, houve cumprimento de mandados em Florianópolis (bairros Carianos e Cachoeira do Bom Jesus) e Vargem Bonita, no oeste do estado.
Modus operandi
De acordo com os delegados Adriano Nonnenmacher e Rafael Delvalhas Liedtke, responsáveis pelo inquérito, o grupo criminoso realizava operações sofisticadas de lavagem de dinheiro por meio do sistema financeiro, utilizando:
- Fracionamento e pulverização de depósitos (smurfing);
- Contas bancárias em nome de laranjas, idosos e pessoas com antecedentes criminais;
- Contas de passagem com depósitos e saques rápidos;
- Triangulações financeiras;
- Uso de casas lotéricas;
- Aquisição de veículos e imóveis para inserção de ativos ilícitos na economia formal.
O esquema demonstrava alto grau de organização e visava dificultar a detecção por órgãos de controle financeiro. A quadrilha recrutava indivíduos com vínculos com o tráfico, homicídios e roubos para operacionalizar os repasses em pequenas quantias, mas que, somadas, ultrapassavam milhões de reais.
Alvo de alto escalão
Entre os alvos está um grande líder estadual de uma organização criminosa gaúcha, recentemente preso no exterior, também por crimes relacionados à lavagem de dinheiro e organização criminosa. A investigação revelou conexões entre operadores do litoral gaúcho e da região metropolitana de Porto Alegre, demonstrando a capilaridade do grupo.
Fase anterior
Na fase 1 da Operação Turrim, deflagrada em 2023, já haviam sido expedidos 65 mandados de prisão, além da apreensão de mais de 30 armas de fogo, drogas, e a constatação da participação da quadrilha em homicídios e ameaças a autoridades policiais. Empresários, comerciantes e até um advogado foram presos naquela ocasião.
Declarações
“Nosso objetivo é a descapitalização do grupo criminoso e a responsabilização penal de seus integrantes. As provas são robustas e revelam a atuação de um núcleo altamente estruturado do narcotráfico gaúcho”, afirmou o delegado Rafael Liedtke, em vídeo divulgado nesta manhã.
“Nos últimos anos, conseguimos prender ou indiciar os principais líderes do tráfico no estado e já descapitalizamos cerca de R$ 130 milhões em operações do DENARC”, destacou o delegado-geral Carlos H. B. Wendt.
“A Operação Turrim Lavare é resultado direto da integração policial interestadual, promovida pelo Ministério da Justiça, por meio do projeto IMPULSE, do programa ENFOC, que busca fortalecer a capacidade investigativa dos estados”, afirmou Rodney da Silva, diretor da DIOPI.
Disque-denúncia
A Polícia Civil do RS mantém ativo o canal para denúncias anônimas:
📞 0800 0518 518 – DENARC RS








