Por: Redação | 27 de junho de 2025 | Joinville (SC) – Na noite de quarta-feira (26), câmeras de segurança flagraram uma cena que causou profunda comoção em Joinville (SC), no Norte do Estado: um homem, aparentemente em situação de rua, foi registrado em imagens realizando atos de natureza sexual com uma cadela, em local pública. O vídeo rapidamente circulou em redes sociais e grupos de proteção animal, gerando revolta e indignação entre internautas, ativistas e moradores da região.
A Delegacia de Proteção Animal da Polícia Civil de Santa Catarina já assumiu o caso. Em resposta ao portal Danimeller.com, a delegada Tânia Harada, responsável pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Joinville, confirmou que o caso está sob apuração. “O caso está conosco da delegacia de proteção animal. Divulgaremos o desfecho assim que terminarmos o procedimento”, afirmou Harada. A delegada explicou que não pode fornecer mais detalhes no momento para não comprometer o andamento da investigação.
O que é zoofilia?
A zoofilia é caracterizada pelo envolvimento sexual de um ser humano com um animal. No Brasil, esse ato é considerado crime, não apenas por seu teor sexual, mas por envolver crueldade contra os animais. Desde a Lei nº 14.064/2020, que alterou a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos passou a ser crime com pena de dois a cinco anos de reclusão, além de multa e proibição da guarda de animais.
Em casos envolvendo zoofilia, a punição pode ser agravada pela natureza do ato, especialmente quando o animal apresenta ferimentos, estresse severo ou comportamento alterado após a agressão.
Riscos para o animal vítima
Veterinários e ONGs de proteção animal alertam que os animais vítimas de abuso sexual sofrem traumas físicos — como lacerações, infecções e sangramentos — e psicológicos, como medo crônico, agressividade ou apatia. Além disso, o risco de transmissão de doenças entre espécies é real, tanto para o animal quanto para o agressor.
“A violência sexual contra animais não é apenas uma questão legal ou moral, mas também de saúde pública”, explica a protetora dos animais Rosane Marqueti, voluntária em uma ONG de Joinville. “Esses animais ficam completamente vulneráveis, especialmente quando pertencem a pessoas em situação de rua, onde há menos controle e acompanhamento veterinário”.
Comentários da população: inquietações e tabus
O caso de Joinville acendeu discussões difíceis e muitas vezes negligenciadas. Em comentários anônimos enviados ao portal, alguns internautas levantaram questionamentos sensíveis:
“Será que todos esses animais que acompanham moradores de rua estão mesmo apenas ali por companhia, ou podem estar sendo vítimas de abusos? É um pensamento horrível, mas não podemos ignorar essa possibilidade”, questionou um leitor, que preferiu não se identificar.
Outro comentário, de um morador da cidade, refletiu sobre a necessidade de fiscalização:
“Não se trata de julgar pessoas em vulnerabilidade social, mas de perguntar se o poder público tem algum órgão que fiscalize ou acompanhe a relação dessas pessoas com seus animais. Quem garante que eles estão sendo bem tratados?”
As opiniões demonstram não apenas a indignação com o fato ocorrido, mas também o incômodo com o vazio institucional no que se refere à vigilância, cuidado e responsabilização pela proteção animal em situações de vulnerabilidade social.
O papel do poder público
Atualmente, existem iniciativas municipais e estaduais voltadas à proteção animal, mas nenhum órgão específico com função de vistoriar ou investigar rotineiramente possíveis casos de maus-tratos entre pessoas em situação de rua e seus animais. A maioria das ações é reativa, ou seja, depende de denúncias de terceiros.
Apesar disso, especialistas lembram que generalizações são perigosas. A convivência entre pessoas em situação de rua e seus animais é, muitas vezes, marcada por laços afetivos genuínos e por uma relação de companheirismo. Segundo levantamento do Instituto Pet Brasil (2023), mais de 80% dos animais que vivem com pessoas em situação de rua são os únicos vínculos afetivos dessas pessoas, sendo eles também vítimas de exclusão.
Encaminhamentos
O caso segue sob investigação pela Delegacia de Proteção Animal. A polícia não confirmou se o homem detido permanece preso ou se a cadela está sob cuidados veterinários, mas, segundo informações preliminares, o animal seria de propriedade do próprio suspeito. As imagens mostram a cadela tentando se afastar do homem, o que caracterizaria resistência e sofrimento.
Organizações como a SOS Animais Joinville e a UIPA SC afirmaram que vão acompanhar o caso de perto e cobrar das autoridades punição exemplar. Já o Ministério Público pode ser acionado para reforçar o processo penal, caso a Polícia Civil comprove o crime.
Enquanto isso, a sociedade se vê diante de mais uma oportunidade de refletir não apenas sobre a crueldade contra animais, mas também sobre a fragilidade das políticas públicas que lidam com populações vulneráveis — humanas e não-humanas.
Se você presenciar qualquer forma de maus-tratos a animais, denuncie:
- Disque 181 (Polícia Civil)
- Ou procure a delegacia mais próxima
- Também é possível registrar denúncias pelo site da ouvidoria do Ministério Público Estadual