Neste domingo (18), durante o 1º Simulado Geral de Gestão de Desastres promovido pela Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil (SPDC), o município de Barra Velha não apenas testou a atuação integrada de suas forças de segurança, assistência social e gestão de crise — como também destacou uma peça-chave, muitas vezes invisível, em cenários de calamidade: os rádio-amadores.
Comunicação além da internet e energia
Em meio à complexa logística de evacuação, abertura de abrigos e triagem de vítimas simuladas, Cassiano Mendonça, operador de rádio amador, teve um papel essencial: manter a comunicação ativa mesmo diante da ausência de internet ou energia elétrica, realidades comuns em tragédias como enchentes e deslizamentos.
“O rádio-amador sempre esteve ligado a situações de emergência. Nosso papel é estabelecer comunicação ponto a ponto sem depender de internet ou energia elétrica”, explica Cassiano. Com equipamentos próprios e alimentação via bateria, os operadores conseguem manter contato entre áreas isoladas e os centros de comando, garantindo que a informação circule — o que, em uma situação real, pode significar salvar vidas.

Ligação direta com Florianópolis
Durante o simulado, Cassiano operou a estação em Barra Velha com base de apoio em Jaraguá do Sul, que por sua vez fazia o elo com a Defesa Civil estadual em Florianópolis. Também houve comunicação com outros municípios como Schroeder, Guaramirim, Massaranduba e São Bento do Sul.
“A gente conseguia relatar a situação em tempo real de todos esses municípios diretamente para o núcleo da Defesa Civil em Florianópolis. Essa estrutura de comunicação é fundamental quando os canais oficiais estão inoperantes”, afirma.
Estrutura improvisada revela pontos de melhoria
Apesar da eficiência operacional, o simulado evidenciou gargalos estruturais que podem comprometer a comunicação em um desastre real. A instalação dos equipamentos em Barra Velha precisou ser improvisada com a antena apoiada ao lado da janela da sala de crise, por falta de um mastro de sustentação e kit de ferramentas adequadas.
“Faltou uma bateria reserva e um mastro portátil, de ao menos dois metros. São itens simples, mas fundamentais. Numa emergência real, se não estivermos preparados, ficamos literalmente sem voz”, pontua Cassiano.
Em localidades como Massaranduba, a falta de energia elétrica durante o simulado testou essa preparação: “A operadora que estava lá conseguiu manter a comunicação com uma bateria portátil. Se não fosse por isso, não teríamos conseguido dar suporte ao gabinete de crise daquela cidade”, lembra.
Preparação realista para tragédias reais
Segundo Cassiano, situações como as ocorridas no Rio Grande do Sul em 2024, que motivaram o simulado estadual, demonstram a urgência em garantir redes de comunicação alternativas. “A população precisa saber que, quando tudo falha, o rádio ainda fala. Mas para isso, precisamos estar equipados e organizados”, finaliza.
Saiba mais:
📡 Os rádio-amadores fazem parte da Rede Nacional de Emergência de Radioamadores (RENER), vinculada à Defesa Civil nacional.
🔋 São treinados para operar com energia independente, e atuam em zonas de desastre, auxiliando no repasse de informações estratégicas.
📍 Em Santa Catarina, operam com base em diversas cidades, sempre conectados a uma rede estadual de resposta.
📍 Matéria por Daniela Meller – Portal danimeller.com
📷 Imagem: Defesa Civil / Rádio-Amador Cassiano Mendonça em ação durante o simulado