Barra Velha, 18 de maio de 2025 – O município de Barra Velha participou neste domingo do maior exercício simulado de tragédias climáticas da história de Santa Catarina, uma ação coordenada pela Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil (SDPC). O evento, que mobilizou mais de 240 mil pessoas em 256 municípios catarinenses, teve como objetivo testar a capacidade de resposta dos órgãos envolvidos em desastres naturais de grande escala. Em Barra Velha, no entanto, apesar da mobilização, ‘detalhes’ na comunicação entre os setores foram evidenciadas durante a operação.
Segundo o comandante dos Bombeiros Voluntários de Barra Velha, Vânio Mattei, o simulado foi importante e positivo por reunir diferentes órgãos em um cenário conjunto, mas deixou clara a necessidade de avanços estruturais, especialmente na comunicação entre os envolvidos. “O simulado visava testar o tempo-resposta das instituições que compõem a Defesa Civil – desde os bombeiros, SAMU, secretarias municipais e grupos voluntários. Serviu justamente para identificar os erros que podem ocorrer em um evento real de grande magnitude”, afirmou o comandante.

Falta de integração e comunicação entre centrais
Mattei destacou como um dos principais gargalos a falta de integração entre os sistemas de emergência. Ele citou como exemplo o modelo adotado por Joinville, onde todos os números de emergência (190, 192, 193, 199) são concentrados em uma única central. “Em Joinville, a central única facilita o acionamento e encaminhamento imediato aos órgãos atuantes. Já em Barra Velha, isso não existe. O 193, por exemplo, cai em Itajaí ou Blumenau. O 192 em Joinville. Já o 156 cai direto no Bombeiro Voluntário, o que gera atrasos”, explicou.
Durante o exercício, foi criado um gabinete de crise na prefeitura para tentar centralizar as ocorrências, mas o processo mostrou-se moroso. “A informação precisava passar por várias instâncias até chegar ao órgão responsável pela atuação. Isso pode ser muito problemático em um cenário real”, alertou Mattei.

Sistema de Comando em Operações e resposta inicial lenta
No local do simulado, os bombeiros montaram o chamado Sistema de Comando em Operações (S.C.O), com integração entre Bombeiro Militar, Bombeiro Voluntário e Defesa Civil. O subcomandante operacional Maurício e a subchefe Gil Mara foram responsáveis pela distribuição das ocorrências.
“O início foi realmente problemático, mas ao longo do simulado conseguimos equalizar e otimizar os despachos. No final da operação, a resposta já estava fluindo melhor. Mas ficou claro que, sem uma comunicação eficiente, a atuação se torna comprometida”, avaliou o comandante.
Comunicação via rádio ainda é limitada
Outro ponto crítico levantado por Mattei foi a limitação no uso de rádios comunicadores. Enquanto os bombeiros, tanto militares quanto voluntários, contam com equipamentos de rádio e centrais de comunicação, muitos dos outros órgãos envolvidos dependem exclusivamente de telefonia celular. “Num desastre real, em que torres de celular podem ser afetadas, o repasse das ocorrências pode se tornar inviável. Isso precisa ser revisto com urgência”, pontuou.
Simulado foi oportunidade de avaliação interna
Apesar dos detalhes, os Bombeiros Voluntários de Barra Velha consideraram o simulado uma excelente oportunidade de testar o gerenciamento de equipe e equipamentos. “Foi muito positivo para avaliarmos nossa estrutura interna. Agora, vamos reunir todos os envolvidos, debater os pontos críticos e buscar soluções conjuntas para estarmos mais preparados para futuras emergências”, concluiu Mattei.
Durante o exercício, 31 bombeiros voluntários participaram ativamente, inclusive em uma simulação realista que envolveu a retirada de uma vítima de um telhado. A operação marcou um importante passo no aprimoramento das respostas a eventos extremos no estado, mas também evidenciou que há muito o que melhorar para garantir a segurança da população em situações de risco.
