Lages (SC), 17 de abril de 2025 — O vice-prefeito de Lages, Jair Júnior, foi denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por crimes cometidos contra sua ex-namorada. A denúncia, formalizada pela 10ª Promotoria de Justiça da Comarca de Lages, aponta a prática de lesão corporal (duas vezes), cárcere privado, perseguição e invasão de dispositivo informático. A Justiça aceitou a denúncia, e o agente político passa a responder como réu em ação penal.
O caso, que chocou a população de Lages, teve início na noite de 22 de março deste ano, quando Jair Júnior foi preso em flagrante por, supostamente, manter a vítima em cárcere privado por mais de 12 horas, além de agredi-la fisicamente. A notícia gerou ampla repercussão no município e em todo o estado, principalmente por se tratar de violência contra a mulher praticada por um agente público.
Prisão, fiança e novos fatos
Durante a audiência de custódia, o Ministério Público solicitou a prisão preventiva do acusado. Contudo, Jair Júnior foi liberado após o pagamento de fiança. As investigações continuaram, revelando novos elementos que fundamentaram a denúncia apresentada pelo MPSC.
De acordo com o Ministério Público, o primeiro episódio de agressão registrado ocorreu no dia 1º de janeiro de 2025, logo após Jair Júnior tomar posse como vice-prefeito. Na ocasião, o casal ainda mantinha um relacionamento, e o agente político teria apertado os braços e o rosto da vítima após ela se recusar a postar uma foto ao lado dele nas redes sociais.
Sequestro, agressões e tentativa de invasão de celular
A denúncia detalha ainda os eventos da noite anterior à prisão em flagrante. Jair Júnior teria convencido a ex-namorada a entrar em seu carro sob o pretexto de uma conversa para reatar o relacionamento. Ao perceber que não obteria sucesso, ele teria levado a vítima à força até sua casa, onde trancou todas as portas e janelas, ligando o ar-condicionado para evitar que gritos de socorro fossem ouvidos.
Durante o cárcere, o vice-prefeito teria tentado acessar o celular da vítima para apagar mensagens comprometedoras. Ao não conseguir, exigiu a senha do aparelho. Diante da recusa, ele teria agredido a mulher com tapas no rosto e a sufocado com um travesseiro. A vítima só foi liberada após dizer que o amava e prometeu que não o denunciaria.
Mesmo após o episódio, o agressor teria seguido a vítima até a delegacia, onde ela foi incentivada pela irmã a registrar o boletim de ocorrência. A prisão em flagrante foi efetuada por uma guarnição da Polícia Militar, e a Justiça determinou uma medida protetiva de urgência para impedir qualquer tentativa de aproximação.
Perseguições e coações anteriores
O Ministério Público também incluiu na denúncia uma série de episódios anteriores que demonstram o padrão de comportamento persecutório por parte do réu. Entre as ações destacadas estão o envio de mensagens ameaçadoras, ligações de números desconhecidos, aparições em locais frequentados pela vítima, uso de um perfil institucional no Instagram para monitorá-la, além de estacionar seu veículo próximo à residência dela como forma de intimidação.
Repercussão e próximos passos
O caso segue com grande repercussão em Lages e levanta debate sobre a conduta de agentes públicos envolvidos em situações de violência contra a mulher. A 10ª Promotoria de Justiça reforça que todos os crimes imputados ao vice-prefeito estão previstos no Código Penal Brasileiro e busca, por meio da ação penal, a devida responsabilização do réu.
O processo segue agora em tramitação judicial, com a realização da audiência de instrução e julgamento nas próximas semanas.