A cidade de Blumenau, no Vale do Itajaí em Santa Catarina, deu mais um passo na busca pela recuperação de pessoas em situação de rua com dependência química. Na última ação realizada, um usuário de 45 anos, com mais de 380 atendimentos nos serviços municipais, foi submetido a uma internação involuntária. A medida, que contou com a colaboração de diversos serviços de Saúde, Assistência Social e as polícias Militar e Civil, visa à recuperação e a dignidade de indivíduos que, por diversas razões, não aderem ao tratamento voluntário.
A história do usuário em Blumenau
O homem em questão, que já foi atendido desde 2014 pelos serviços de assistência social, sempre demonstrou resistência às tentativas de tratamento. Foram mais de 380 atendimentos registrados, incluindo serviços no Centro POP, abordagens sociais e acolhimentos temporários. Mesmo após tentativas anteriores de internação, ele não colaborava com o tratamento. Por esse motivo, a Câmara Técnica Saúde e Assistência Social, com respaldo de um laudo médico, decidiu pela internação involuntária como último recurso.
O que é a internação involuntária?
A internação involuntária é prevista por lei e ocorre quando um indivíduo se recusa a receber tratamento e há risco de danos à sua saúde ou à sociedade. Ela só pode ser realizada com a apresentação de um laudo médico, após esgotadas todas as outras possibilidades terapêuticas. No caso de Blumenau, a medida foi tomada com o objetivo de restabelecer a saúde do indivíduo, oferecendo-lhe a chance de se recuperar e ser reintegrado à sociedade, à família e ao trabalho.
De acordo com o prefeito Egídio Ferrari, “já estivemos em diversas ações abordando este usuário, tentando convencê-lo a fazer o tratamento e aceitar o atendimento dos nossos serviços. Mas tivemos que chegar ao ponto da internação involuntária para tentar resgatar essa pessoa da condição em que estava vivendo. É a última medida que a Prefeitura toma, mas com o objetivo de trazer dignidade.”
A situação das pessoas em situação de rua no Brasil
Infelizmente, a história do usuário de Blumenau reflete uma realidade enfrentada por muitas cidades do Brasil. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), aproximadamente 220 mil pessoas vivem em situação de rua no Brasil. Desses, uma parcela significativa é composta por indivíduos que sofrem com dependência química, especialmente usuários de drogas e álcool. A falta de apoio adequado e a resistência ao tratamento contribuem para a permanência dessa população nas ruas, muitas vezes sem perspectivas de reintegração à sociedade.
Além disso, de acordo com o Observatório de Políticas Públicas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cerca de 40% da população em situação de rua possui algum tipo de dependência química, sendo o álcool e as drogas ilícitas as principais causas. Muitos desses indivíduos acabam se expondo a condições precárias de saúde, o que torna ainda mais urgente o atendimento de políticas públicas de saúde e assistência social, como a internação involuntária.
A importância das políticas públicas de saúde e assistência social
A medida de internação involuntária, embora severa, é uma tentativa de resgatar vidas e de garantir que os indivíduos recebam o tratamento necessário para superar a dependência e voltar a ter uma vida digna. As ações integradas entre saúde, assistência social, segurança pública e outras esferas de atendimento são fundamentais para que essas pessoas possam ser reintegradas à sociedade de forma saudável e sustentável.
No caso de Blumenau, a decisão pela internação involuntária do usuário visou oferecer um atendimento especializado e dar uma chance para que ele possa recuperar sua saúde e, quem sabe, reconstruir sua vida.
O processo de internação involuntária, quando feito com respeito e acompanhamento médico, pode ser o primeiro passo na recuperação desses indivíduos. Além disso, a cidade de Blumenau continua investindo na humanização do tratamento e no fortalecimento das redes de apoio para a população em situação de rua, com o objetivo de proporcionar melhores condições de vida e dignidade.
O caso de Blumenau reflete a complexidade do problema das pessoas em situação de rua e dependência química no Brasil. Medidas como a internação involuntária, embora difíceis, são necessárias para ajudar aqueles que, por diversas razões, não conseguem buscar ajuda por conta própria. A cidade continua a trabalhar para oferecer apoio, tratamentos adequados e reintegração social, com o objetivo de reduzir o sofrimento dessas pessoas e possibilitar sua reintegração à sociedade.