51 horas, pouco mais de dois dias. Esse foi o tempo exato de sofrimento e desespero que a família do jovem Genison dos Santos, enfrentou até a confirmação da triste notícia: que ele havia sido encontrado morto.
A angústia chegou ao fim com a confirmação das equipes de buscas do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, dando conta de que o jovem fora localizado e resgatado do mar.
O cadáver foi arrastado para a faixa de areia, distante 150 metros do posto Guarda-Vidas 03, próximo de onde ele desapareceu, na praia do Tabuleiro, região Central da cidade.

CUSTAS – Ainda em choque, divididos com a notícia da tragédia, o deslocamento até o Instituto Médico Legal (IML) em Balneário Camboriú, quando a mãe ou um parente próximo tem que cumprir os ritos legais de reconhecimento do corpo, paralelo estava ‘o que fazer para arcar com as custas’ a partir dali.
Com uma família numerosa, de classe média e sem condições financeiras, eles receberam uma informação reconfortante: ‘toda e qualquer custa será arcada pelo conselheiro da prefeitura de Barra Velha’, o empresário Ênio Renato dos Santos.
“Não temos como não nos emocionarmos e nos solidarizarmos numa situação como essa. Estou acompanhando o caso desde os primeiros minutos após a confirmação do desaparecimento, e a tristeza que essa família está passando nesses últimos dias, é imensurável, é o mínimo que nós poderíamos fazer”, afirma Ênio.
VELÓRIO – O corpo ainda na noite desde sábado, 19, permanece no IML de Balneário Camboriú até a liberação para os familiares. A família ainda não recebeu a confirmação de que poderá ou não fazer um velório de corpo presente, em virtude do afogamento e do tempo em que o corpo permaneceu na água.
As primeiras informações, são de que se possível, o corpo assim que chegar em Barra Velha, seja velado na capela do Cemitério Central. Em seguida, no domingo, 20, deverá seguir para o crematório de Blumenau.
PERIGO – O pequeno sergipano, morador de Barra Velha, cidade ao Norte do litoral Norte Catarinense, teve a vida encerrada de forma muito prematura e trágica.

Ao entrar no mar, o pequeno Genison decidiu desafiar a natureza. Ele acessou um ponto de praia desguarnecido de Salva-Vidas e com o posto desativado, com águas revoltas de um dia de muito vento e ondas fortes, num local considerado perigoso em virtude das correntes de retorno.
Faltavam dez minutos para às 15 horas da tarde daquela quinta-feira, 17, quando, ao lado de um amigo de escola, ele nunca mais voltou. O amiguinho, da mesma idade conseguiu se salvar e entrou em desespero, ao se dar conta de que Genison havia sido engolido pelas águas e arrastado para as profundezas.

BUSCAS – Daquele segundo em diante, até a tarde desse sábado, 19, por volta das 17h50 quando o corpo do jovem foi localizado, um trabalho intenso de buscas percorreu uma enorme área em busca de qualquer vestígio.
Até a localização foram utilizadas estruturas das equipes aéreas do helicóptero Águia da Polícia Militar, e motos aquáticas (Jet ski), embarcações e mergulhadores do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, assim como auxílio dos Guarda-Vidas.

ÚLTIMOS MOMENTOS – Genison Antônio dos Santos, que no dia 27 de maio deste ano completou 14 anos, segundo a família, “Sempre foi um garoto muito obediente, e, por incrível que pareça, tinha medo do mar”.
A revelação partiu do padrasto dele, Daniel Salustino da Silva, que o criava como filho desde os dois anos de idade, época em que casou com a mãe dele, dona Ilma Costa, também nordestina. “Quando íamos para Navegantes e tínhamos de atravessar a balsa, ele sentia muito medo”.
Daniel contou à reportagem que Genison sempre quando precisava sair para ir a qualquer lugar, deixava um bilhete. “Ele informava onde estava indo, com quem iria, contato telefônico e que horas iria voltar, mas, naquela tarde [quinta, 17], antes de nos despedirmos, a mãe pediu para ele não ir à praia, ainda mais sozinho, ela chegou insistir, não sei o que aconteceu”.
Salustino lembra que ele e a esposa, que sofre com problemas de pressão alta, precisaram ir ao posto de saúde marcar consulta, quando receberam a ligação informando sobre a tragédia. “Desde então ela está sobre efeito de medicação, precisou ficar um tempo internada e hoje tenta lidar com a tristeza do luto”.
No local onde o pequeno Genison, filho caçula de 4 irmãos, um deles morando na França, ficaram apenas as mudas de roupas que ele estava usando, um par de chinelos e a bicicleta que ele fez o último passeio da vida.

DESATIVADO – O afogamento ocorreu exatamente ao lado do Posto Guarda-Vidas 02. A unidade de responsabilidade do 7º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militares de Santa Catarina (CBMSC), está desativada desde o dia 14, última terça-feira.
O comandante interino da Companhia dos Bombeiros em Barra Velha, Major Filipe Daminelli, falou sobre a decisão de fechamento do Posto, no último dia 14.
“Ao longo do ano, a ativação dos postos de guarda-vidas em todo o litoral catarinense é feita balizada nos critérios de demanda das praias, buscando uma melhor otimização do uso de recursos”, explicou.
Ainda segundo o comandante, as estruturas são abertas quando há demanda e de acordo com os períodos a exemplo da: intertemporada, baixa temporada e alta temporada. “Em Barra Velha, para o mês de outubro, a previsão de ativação do posto 2 ocorre apenas nos finais de semana e feriados”.
Texto e fotos: Daniela Meller/Portal danimeller.com
