Segundo dados oficiais divulgados pela prefeitura de São João do Itaperiú, no Norte de Santa Catarina, nos três dias de festa onde se comemora a maior fogueira de ‘São João’ em Santa Catarina, quase 26 mil pessoas participaram do evento. A festa já tradicional em homenagem ao padroeiro São João Batista, ocorre há décadas na região e faz parte do calendário oficial do município.
Em 2024 a festa veio com um motivo especial: auxiliar nos custos com os prejuízos causados por um evento climático que praticamente devastou o pequeno município, e dentre os estragos, a igreja de São João Batista, cartão postal da cidade. Parte do valor arrecado foi destinado à paróquia.
O acendimento da fogueira, esse ano com recorde de 40 metros, na região Sul do País perdendo apenas para o estado do Paraná, na cidade de São João, com 63 metros de altura, foi o ponto alto da festa que durou três dias: 21, 22 e 23 de junho.
A tradicional festa em honra ao padroeiro São João Batista, retornou em 2024 após ser cancelada no ano passado devido aos estragos causados pela tempestade ocorrida há um ano e quatro meses. O evento recebeu turistas das mais variadas cidades do entorno e aconteceu na região central do município.
Vindos de Joinville, o casal de empresários Marli e Lucas Schuelter, participaram pela segunda vez do evento. E para não perder nenhum segundo do espetáculo que também contou com show pirotécnico, eles se juntaram a outras dezenas de pessoas e foram até o cemitério da cidade, edificado ao lado do terreno onde a fogueira foi erguida, o que permitiu uma visão privilegiada do acendimento.
“Aqui não é um lugar comum, mas com certeza tem a melhor vista. Estamos a poucos metros dessa fogueira espetacular. A primeira vez que viemos foi em 2017 e decidimos voltar para contribuir com a festa e com todos do município que tiveram inúmeros prejuízos após aquele lamentável evento climático que destruiu parte da cidade”, relembra Marli.
Lucas pontua que nem o trânsito para chegar ao município impediu que eles viessem, porque o motivo de estarem ali vai além. “Também somos católicos e prestigiar esse momento significa nos unir e colaborar com a causa. A igreja ficou linda e a organização do evento está de parabéns”.

O empresário do ramos de carne bovina, Marcos Dias, de Guaramirim, também veio prestigiar a festa na companhia de amigos, dentre eles a mato-grossense Juliana Bassani, que mora em Barra Velha. “A primeira vez que vim foi com meus pais, era criança e tenho uma vaga lembrança. Esse ano, além da fogueira, voltei pelo ‘churrasco de igreja’ que é outro ícone da nossa cultura catarinense. E não podemos deixar de citar que Santa Catarina tem os melhores frigoríficos, dentre eles o de São João do Itaperiú”.
“Essa é uma festa muito tradicionalista, linda inclusive. Moro aqui há pouco mais de três anos, mas em outras vezes não consegui ir por conta do trânsito e dessa vez fui mais cedo e deu tudo certo. Amei, a organização, as comidas típicas”, disse Bassani.

SÃO JOÃO BATISTA – Segundo o coordenador de eventos da paróquia de São João Batista, Lúcio Galdino, os prejuízos causados pela micro explosão à igreja, ultrapassaram os R$ 650 mil. “Não tínhamos recurso e o seguro alegou que não poderia arcar. O valor oferecido foi muito aquém, então os fiéis se uniram e resolvemos pela obra, porém, ainda estávamos devendo R$ 100 mil”.

Esse valor segundo Lúcio, foi abatido com o aluguel das barracas, esse ano cedido integralmente pela prefeitura à paróquia. A obra de restauração levou cerca de oito meses e trouxe cara nova à igreja, onde uma missa foi celebrada por centenas de fiéis.
“Conseguir reconstruir a igreja era o sonho de todos os moradores de São João. Nossa matriz é o cartão postal da cidade. Sem ela perdemos nossa essência. E para celebrar essa vitória todos se empenharam muito para dar o nosso melhor”, concluiu Galdino.

E a praça de alimentação ao lado da igreja foi o reflexo desse empenho. O local ficou lotado de pessoas que puderam se deliciar com o tradicional churrasco, pinhão, galinha assada, quentão, cachorro quente, pastel e vários outros pratos típicos de festa junina.

Para o padre Silvio Tomczak, a vitória é de todos. “Recebemos a ajuda do povo, de colaboradores, empresários, fizemos várias promoções e hoje é o resultado dessa união e do compromisso que temos com nossa comunidade”.

ECONOMIA – E os festejos também movimentaram a economia local com a venda de doces, comidas típicas, bebidas, além de vários atrativos oferecidos para crianças, jovens e adultos com brincadeiras e até passeios de trenzinho. Ao todo foram 68 barracas dos mais variados serviços, teve até ‘compra de cabelo’.
E teve comerciante que veio de longe para expor durante os três dias de festa. No local tinha venda de produtos de rodeio até sapatos, balões e rosas para os apaixonados. Mas quem não deixou de lucrar foram aqueles que apostaram nas comidas.
Cristiano Garcia, a esposa e o filho vendem na festa há 15 anos. Eles vieram de Camboriú e durante os três dias de evento acamparam próximo as barracas. Eles comercializaram bebidas e comidas, e é claro que não podia faltar o famoso ‘entrevero’.

“Hoje [sábado, 22, dia do acendimento da fogueira] é o nosso melhor dia. É quando vendemos bastante e conseguimos cobrir o investimento que fizemos para estarmos aqui. Já é tradição virmos para cá e somos gratos a essa oportunidade”.

De Barra Velha, cidade vizinha a São João do Itaperiú, também estava a Beatriz de Lima, funcionária de uma empresa de venda de cocada, algodão doce, coquinho caramelizado, espetinho do amor e maça do amor. “A empresa vem para o evento há 18 anos e sempre vale a pena, porque como já é tradição, as pessoas que vêm prestigiar a festa também já se programam e todo mundo sai daqui satisfeito”.

PREFEITO – Para o prefeito Edson Junkes, o retorno da festa celebra a fé no padroeiro após a comunidade ter enfrentado tamanho prejuízo e a incerteza de que a festa realmente iria acontecer em 2024.
“Andei por cada canto da festa e ver a satisfação das pessoas é muito gratificante. Nosso agradecimento se estende a todos, da equipe que se empenhou semanas para a montagem da fogueira àqueles que saíram de suas cidades para comercializar ou apenas para prestigiar. Somos eternamente gratos. E se Deus nos permitir ano que vem faremos uma festa ainda maior”.
LEILÃO – No primeiro dia da festa, um leilão para acendimento da fogueira foi lançado. Nos últimos minutos que antecederam o tão esperado momento, o prefeito Edson Junkes acabou arrematando e pagou o valor de R$ 9 mil. O direito de acender foi repassado por ele a esposa, a primeira dama Taise Caroline da Silva. O valor arrecadado também foi destinado à paróquia de São João Batista e para os Bombeiros Voluntários da cidade.


BAILES – E diferente das tradicionais festas juninas no Nordeste brasileiro que tem forró, em Santa Catarina o que manda são os famosos bailões e em São João do Itaperiú não foi diferente. Foram três noites de muita música boa.
Segundo o empresário Marcelo Mellies, da 3L Produções, empresa do ramo musical que atua na região de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, durante as noites de evento foram ofertados 11 shows no Centro de Eventos Euclides Raul Monteiro.

“Cada região tem a sua particularidade e aqui focamos muito na tradição familiar. Poder fazer parte da cultura, da história, é muito satisfatório. Estamos fomentando a música, valorizando cada artista e trazendo alegria para esse povo maravilhoso”, ressalta Marcelo.
Entre as atrações estiveram presentes o Grupo Candieiro, San Francisco, Maicon Pereira, Estação Fandangueira, Pérola Negra, Grupo Explosão, Paulinho Mocelin, Chiquito e Bordoneio, Marcação e Grupo Rodeio.
SEGURANÇA – Em todos os dias de evento não foi registrado nenhum incidente pela Polícia Militar. Além disso, um esquema de segurança privado foi montado para garantir o bem-estar dos visitantes.
Segundo o comandante dos Bombeiros Voluntários de São João do Itaperiú, Rodrigo Caetano, nos três dias de festa foram atendidas 32 ocorrências, dentre elas apenas uma de vulto. Por volta das 2 horas da madrugada de domingo, 23, um homem de 30 anos, vítima de agressão física, foi encontrado caído ao lado de um prédio próximo de onde a festa ocorreu.
“Ele estava inconsciente, apesentava lesão e trauma no crânio e lesões pelo corpo. Devido a neblina estava molhado e em hipotermia. Caso não tivesse sido encontrado e socorrido por nossa equipe o risco de morte era bem grande”, explicou Caetano ao salientar que 28 bombeiros e cinco viaturas estiveram à disposição do evento.

Balanço Festa de São João 2024
Município São João do Itaperiú
✓ Fluxo de Pessoas
Total – 25.557
Relevante:
Sábado – 17.044
✓ Fluxo de Veículos
Por dia
21.06 – 6.653
22.06 – 8.835
23.06 – 8.432
Período da 00:01 às 23:59 Total 23.920