O ponto alto da programação do 62º aniversário do Município de Barra Velha acontece nesta quarta-feira, 06, com a inauguração do Centro Cultural Casa de Palmito, que será aberto à comunidade local na véspera do aniversário da cidade, na Praça Lauro Carneiro Loyola. O evento começa às 19 horas.
A Casa de Palmito é o primeiro grande imóvel de veraneio construído em Barra Velha, no início dos anos 40. Reinou absoluta no Costão dos Náufragos por mais de sete décadas, e foi construída por Walter Becker, o paranaense que também doou a primeira estátua de Cristo para o alto do morro.

Durante a solenidade de inauguração, uma exposição fixa sobre a história do imóvel será aberta ao público. No decorrer do ano vão ocorrer mostras de artistas da cidade, os quais devem procurar o Compac para as propostas de projeto. O auditório, que também compõe o projeto, será aberto à comunidade, sob agendamento. Durante a inauguração, o nome de Walter (Wald) Becker, construtor do imóvel, será reverenciado e a companheira, dona Erna Bisewski, receberá o nome do auditório.

Também na inauguração, haverá a exposição de trabalhos de alunos do professor Juliano Bernardes, da Escola Básica Municipal Professora Antônia Gasino de Freitas, sobre a história da casa – evento que marca também os 50 anos da “Gasino”.
Walter – ou Wald, em algumas grafias – viveu na casa com a companheira, Erna, até a morte. Ela seguiu morando no imóvel, com o sonho de que fosse preservado. Com a morte de dona Erna, a casa entrou em inventário e passou, simultaneamente, por um processo de tombamento. Na Justiça, assegurou-se a preservação – o terreno original, porém, ficou com os herdeiros.

Após anos de negociações, a empresa representante dos proprietários, Barra Sete, assinou termo de ajuste de conduta, e por orientação do Compac e com aval do prefeito Douglas da Costa (PL), o imóvel foi transferido para a Praça Loyola, em meticulosa ação de preservação custeada pela empresa, que contratou restauradores profissionais para o projeto desafiador.
A empresa Alianza Engenharia e Construções, contratada pela Barra Sete, conseguiu devolver a Barra Velha a Casa de Palmitos com as características praticamente originais, com o trabalho dos engenheiros Sheila Prochnow Okivet, Luiz Eduardo Melara e Rafael Bueno Gretter, além do arquiteto Jonathan Carvalho. A arquiteta Denise Freitas, do Compac, supervisionou o trabalho, assim como a mestra em Patrimônio Angelita Borba de Souza e o professor Juliano Bernardes, este presidente do conselho.

No início dos anos 2000, foram Juliano e Angelita que lançaram a campanha pela preservação da Casa de Palmitos – incluindo ações como pedágios culturais em defesa da casa, abraço simbólico ao imóvel e anos mais tarde, o processo de tombamento, a cargo de Juliano, do advogado e então vice-prefeito Fábio Brugnago (PSD) e do então prefeito Claudemir Matias (PSB).
Segundo Juliano, após o processo resultar no tombamento do imóvel, que resultou em sua proteção legal, um fato emocionante aconteceu: dona Erna, que sempre pediu às autoridades a preservação da casa, faleceu uma semana depois de receber a notícia da preservação, dada pelo próprio Juliano e por Ademar Ramos, atual integrante da Fumtec.

Sheila Okivet, engenheira da Alianza, enfatiza que os palmitos originais usados nas paredes da casa (que a tornam única no Brasil) praticamente revestiram toda a área externa do imóvel, garantindo com grande fidelidade a originalidade do imóvel; portas e janelas também foram reaproveitadas.
O esmero no trabalho da Alianza, segundo Sheila, ficou tão evidente, que até as cantoneiras arredondadas que permitem o fechamento das frestas nos troncos de palmitos encaixados um a um para constituição das paredes foram personalizadas. “Como esses troncos tinham diâmetros diversos, cada cantoneira é única, cortada especificamente para cada bloco”, comentou ela.
O uso de madeiras novas na construção também foi pensado de maneira a que se possa identificar o que é original na obra, e o que é fruto do restauro. A casa ganhou luminárias, novo assoalho – já que o original estava destruído – e também escadaria e sótão foram recriados.
Foram instalados banheiros adaptados e cozinha. Uma varanda de vidro, acesso lateral da casa, foi acrescida ao projeto, elaborado pela empresa Ornato, sob supervisão da Alianza, que coordena várias obras de restauração na região. A arquiteta Denise Freitas também acompanhou o processo.

A Ornato e a Alianza, contratadas pelos investidores após o termo de ajuste visando desmonte e retirada do madeirame original, buscaram preservar ao máximo a casa original. Tudo que podia ser reaproveitado foi conservado pelos técnicos que desmancharam a casa original – principalmente os troncos de palmito ainda resistentes ao tempo em mais de seis décadas.
Todas as peças foram retiradas, classificadas e numeradas com plaquetas, visando a reconstrução. O trabalho foi elogiado por engenheiros como Filipe Oliveira, que também presidiu o Compac.
Mais eventos
A programação de aniversário de Barra Velha começou neste sábado (2), com a Copa Santa Catarina de Bandas e Fanfarras, também na Praça Lauro Carneiro de Loyola, e contará ainda com apresentações culturais e entrega do bolo de aniversário, no dia 7, que é feriado municipal. Segundo o presidente da fundação, Pierre Costa, haverá ainda Auto de Natal, chegada do Papai Noel, ambos no dia 9, e encontro de Para-motor, além de torneio de Beach Tennis no dia 10.
A ação além da empresa Barra Sete, que reconstruiu o imóvel, em conjunto com o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (Compac), Fundação Municipal de Turismo, Esporte e Cultura (Fumtec) e demais setores municipais.
Assessoria de Imprensa Compac/Juvan Neto
