Em 2023, de janeiro a início de novembro, a Polícia Militar em Barra Velha no litoral Norte Catarinense, recebeu 5.527 chamadas por meio do 190 em conjunto com o aplicativo PMSC Cidadão, um canal direto entre a população e a instituição de segurança, disponível no celular do morador cadastrado.
O aplicativo tem hoje na região, 2.471 moradores registrados, 171 deles em São João do Itaperiú, cidade também atendida pela Companhia, e desse total, 789 deles são moradores do bairro Itajuba. O bairro hoje é conhecido como o ‘segundo Centro da cidade’ e está dividido em três regiões: Pedras Brancas com 131 moradores cadastrados, Itajuba Norte com 315 e Itajuba Sul com 343.
De acordo Nicanor Eichnvald, coordenador de Iluminação Pública em parceria com o Setor de Planejamento e Topografia de Barra Velha, Itajuba possui 7.1 quilômetros quadrados o que representa 5.1% da extensão territorial da cidade.
Conforme dados do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Barra Velha é a segunda cidade que proporcionalmente mais cresceu nos últimos 12 anos no estado de Santa Catarina, um aumento populacional que mantém atualmente quase 50 mil moradores fixos no município, além dos veranistas.
E dentro dessa perspectiva, o bairro Itajuba também é um dos que mais cresce, representando inclusive, 80% das vendas de terrenos e casas na cidade, como conta uma corretora que pediu o anonimato. “É incrível a procura pela região. As belas praias são um atrativo a mais”.
Diante desse crescimento e preocupada também com a garantia da segurança no local, a doutora Carini Bittencourt, líder comunitária do bairro, resolveu implantar um projeto pioneiro: o ‘SOS Vizinhos’, pensado e desenvolvido há dois anos dentro dos moldes do já existente ‘Rede de Vizinhos’, um dos programas institucionais da PM em parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Estado.
“Nosso projeto consiste na estrita colaboração de cada um dos moradores e comerciantes com a participação efetiva de uma empresa privada de segurança e o apoio dos órgãos de segurança pública, a exemplo própria PM e das polícias Civil e Rodoviária Federal”, explica Carini.
Conforme ela, o projeto nasceu no seio da Comunidade de Itajuba, devido às dificuldades ‘compreensíveis’ das polícias locais, em atender todos os eventos relacionados à segurança.
“Como forma de proteção implementamos esse canal de comunicação comunitário e atualmente temos 60 câmeras instaladas em pontos estratégicos do bairro. Cada situação fora da normalidade, desde um pequeno furto, a um acidente de trânsito ou até uma pessoa desconhecida circulando pelo bairro, nós comunicamos de imediato nos grupos de WhatsApp dos integrantes cadastrados e a PM por meio do aplicativo, e isso tem nos rendidos mais segurança e agilidade, pois com nossas imagens podemos subsidiar as polícias com informações precisas, verídicas e instantâneas”.
O número de câmeras já instaladas, de acordo com Carini, representa o sucesso da adesão. “De fato e direito são quatro meses com o projeto em prática. Nesse tempo conseguimos flagrar inclusive o furto de um veículo o que auxiliou na pronta recuperação do bem. Nossas câmeras possuem ainda leitores de placas e identificação facial que mais uma vez auxilia as polícias também na identificação de foragidos da justiça e até no resgate de uma pessoa sequestrada por exemplo”.
E Carini vai além, pretende, com a pronta adesão de mais moradores, fazer do Bairro Itajuba o mais seguro do país. Até final do ano a expectativa é de instalar mais 40 câmeras podendo expandir até para 300 pontos, monitoradas pelos órgãos parceiros.
As câmeras estão instaladas em residências e comércios, em pontos estratégicos como entradas e saídas do bairro, e lugares com intensa passagem de pessoas e até locais ermos, para que os controladores tenham total acesso ao que acontece no bairro. “Isso se resume em segurança. Muitas cidades já implantaram essas medidas.
A comerciante Ana Carolina Thomaz, é dona de uma peixaria localizada no bairro. Ela aderiu ao projeto desde o início. Ela ressalta que tudo no tudo no começo é difícil, mas que ao perceber o empenho e a dedicação da Doutora Carini, resolveu fazer parte.
“Ela pensa no coletivo. Tão logo instalamos, já notamos a diferença, inclusive com a diminuição da presença de usuários de entorpecentes nas redondezas. É fato que a câmera por si só não vai impedir que um crime seja cometido, mas é certeza que ela inibe o agente. Por mais frio que o criminoso seja, quando ele souber da existência de um equipamento de monitoramento, vai pensar duas veze e até desistir de praticar a ação. Estamos muito satisfeitos, inclusive com uma presença ainda maior das guarnições policiais fazendo as rondas.
EMPRESA – A instalação e manutenção dos equipamentos, assim como o acesso às imagens hoje, é de responsabilidade de uma empresa privada especializada na área que compartilha essas imagens com os órgãos de segurança.
Para aderir ao projeto, o proprietário da residência ou comércio, deve entrar em contato por meio do telefone (47) 99608-1269 e solicitar a adesão. Os equipamentos são cedidos pela própria empresa e a mensalidade para as residências custa apenas R$ 25.90 e para os comércios R$ 80,00. Esse valor dá direito ao acesso instantâneo a apenas um ponto, para um adicional é cobrado o valor extra de R$ 6,00.
“Esse valor é para a empresa, pois ela tem custo com equipamento, instalação, monitoramento, e manutenção de cada uma dessas câmeras. Chega ser um valor irrisório quando comparamos ao propósito do projeto”, concluiu Carini.
OCORRÊNCIAS – Desse total de “chamadas atendidas”, segundo o sargento Jean Galz, gestor local dos programas institucionais, incluindo o PMSC Cidadão, não significa que todas de fato geraram uma ocorrência. “Nós recebemos do chamado mais simples, podendo citar perda de documentos, a uma verificação de homicídio por exemplo, que em alguns casos só se confirma após o deslocamento da equipe”, explica.
Segundo ainda o sargento, desses chamados a maioria foi relacionado a perturbação do sossego, a exemplo de briga entre vizinhos ou som alto, com 1.149 chamados, seguido de 373 casos de furto, 52 de roubo, 47 mandados de prisões cumpridos na região e 25 flagrantes por tráfico de drogas.
Já os homicídios somam-se um total de 8 em todo esse período e engloba também os ocasionados durante ‘confrontos policiais’, seguido de 15 ocorrências de ‘tentativa de homicídio’, ou seja, quando o óbito não é confirmado. “Podemos dizer que são números baixos visto a nossa localização litorânea bem ao centro da BR-101 com acesso à várias outras cidades e regiões do estado. Trabalhamos incansavelmente para diminuir ainda mais esses números”, pontua o sargento.
Para se cadastrar junto ao PMSC Cidadão, o sargento explica que basta baixar aplicativo no celular. “Além de fácil é muito rápido. Com essa modernidade, caso o cidadão por ventura tenha um ponto de monitoramento em sua residência, e perceba junto as imagens alguma anormalidade, ele consegue de qualquer lugar, por meio do aplicativo, gerar uma ocorrência para o endereço em questão”.
